Sunday, April 22, 2007

La birra

Sempre volto do trabalho escutando radio e na volta sempre acabo ouvindo as noticias, la pelas 15 pras 6. Eis entao que la estou eu, dirigindo calmamente (???) e escuto: "Cerveja belga e retirada das preateleiras de todos os mercados da Inglaterra pois possui um rotulo que, ao ser esfregado, mostra uma mulher nua". Depois, ao explicarem a razao disso, fiquei pasma: aparentemente, existe uma lei aqui na Inglaterra que proibe que sexo seja usado para se vender bebidas alcoolicas.
Ao escutar isso, pensei direto no Brasil e nas propagandas de cerveja com mulheres semi-nuas (e homens baixinhos e com bigodes horriveis). Imagina se no Brasil nao fosse permitido o uso do sexo (ou insinuacoes) como ferramenta de venda de alcool??? Brasileiro que e brasileiro nem entenderia as propagandas de cerveja, de tao acostumado que ja esta com a baixaria.
Aqui na Inglaterra as propagandas de cerveja mostram muito mais o lado do "pub", do encontro da "galerinha" nos bares e, muito frequentemente, as propagandas de cerveja sao e inteligentissimas e engracadas (Guinness e um exemplo perfeito).
Mas, no final das contas, todo mundo quer e beber, entao que cada pais use o que funciona melhor para vender seu mezinho. Hic!

Wednesday, April 11, 2007

Certeza

Cada vez que entro onde eu moro nao ha como nao lembrar do que esta a minha volta. Moro em uma base de exercito. Nao, nao e assustador. Nao, nao e sujo e feio. E um lugar muito bonitinho, cheio de arvores, muito silencioso e onde ninguem fala com ninguem. Alias, eu nao falo com ninguem, e por escolha propria. Isso so se da pelo fato de que eu nao tenho interesse nenhum em nada que se relacione com qualquer exercito, qualquer guerra, qualquer forca bruta que seja usada para vencer batalhas de poder. Faco uso das facilidades que a vida na comunidade do exercito me da, mas nao abuso de nada, como fazem alguns. Nao me misturo, nao pergunto e nao acho que tenho que responder nada. Sou mais uma. Sou uma "army wife" revoltada.
Ontem, quando entrei na base de carro, voltando do trabalho, estacionei nos fundos da minha casa, como sempre. Quando saio do carro, vejo duas meninas negras vindo em minha direcao, uma de uns 5 anos de idade, a outra de uns 4. Uma delas me pergunta:
- Tu dirigiu muito hoje?, ao que eu respondi que nao.
Ela entao faz outra pergunta:
- Tu tava trabalhando? Eu digo que sim. Entao resolvo perguntar algo tambem, afinal de contas minha birra e com os poderosos chefoes, nao com meninas lindas que vem me fazer perguntas inofensivas. Pergunto:
- Voces gostam de andar de bicicleta?
As duas, em unissono:
- Sim!
Ai aquele silencio constrangedor se instala, pois silencio constrangedor se instala em qualquer conversa, mesmo as que ocorrem entre adultos e criancas. Elas comecam a se mexer nas suas bicicletinhas, prontas para sairem a toda (e engracado como crianca vai de um lado pro outro, nos mesmo lugares milhoes de vezes e tudo ainda consegue ser interessante) e ai uma delas me pergunta:
- Onde ta o teu marido?
Respondo:- No Iraque.
Entao a outra menina diz:
- Meu pai tambem ta no Iraque.
Olho melhor pra elas. A mais velha olha bem dentro dos meus olhos e diz, com toda a certeza do mundo:
- E ele logo logo vem pra casa.
Eu digo que sim, que logo ele estara em casa e me viro, andando para o meu portao. Vou andando lentamente, me despeco, dizendo um "see you later" meio sem jeito. Caminho ate a porta da minha casa e percebo. Os olhos da menina, cheios de conviccao, inundaram os meus.